sexta-feira, 23 de julho de 2010

Ah, o amor... (parte 1 de...)


Como defini-lo? Como encontrá-lo? Como deixar de senti-lo?


Amor, sentimento tão buscado. Percepção intensa e confusa. Amor, possibilidade de quem sente. Incerteza de quem teme não sentir. Amor, mutável e "evolutível". Amor e suas maneiras. Amor platônico, fraterno, de amigo e amor eterno.


O que nos faz amar? Por que amamos?


Amor, sentimento sem sentido, mas quando nos acompanha mostra caminhos. Palpitações involuntárias geradas por algo abstrato. Ações incompreensíveis que às vezes nos deixam até sem graça.



Polandesamente falando: o amor é um mistério precioso, incrível e delicioso.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Bufunfa


Não parece, mas tem muito no mundo. Muito nas mãos de poucos e uma pequena quantia nas de tantos. Os humildes sonham em tê-lo em demasia. Os afortunados o tem, mas não valorizam tanto quanto deveriam; aliás nem precisam, pois escassez monetária é termo desconhecido.


E se um dia a situação se invertesse? Ah, que alegria seria para aqueles da simplicidade! Comprariam o Universo para os familiares e comida nunca faltaria nas despensa. Seria fácil viver sem preocupações. Agora, e se o dinheiro dos milionários sumisse do dia pra noite e tivessem que viver com um ou dois salários mínimos? Conseguiriam conciliar as prioridades quando a única era comprar sem prioridade?


Polandesamente falando:
gastar é bom, mas saber como gastar é uma dádiva.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Coisa de homem


Você não chora em filmes românticos ou quando vê um cachorrinho abandonado. Não sorri para todos os tipos de filhotes. Não faz escova definitiva a cada 15 dias ou reclama da chuva quando acabou de sair do salão. Você não quer matar todo mundo uma vez por mês ou uma vez por semana quando seu esmalte borra. Não tem que usar maquiagem para ser bonito para a sociedade que assim impõe ou se torturar por ter comido aquele docinho de festa. Você não fica radiante o dia todo só por ter recebido um elogio. Não se irrita ao ser chamado de "princesa" ou quando olham pro seu bumbum. Não precisa combinar o sutiã com a calcinha e se preocupar se ela marca quando usa calça social. Você não precisa gastar fortunas com depilação e absorventes. Não precisa sentir medo de um inofensivo vidro de palmito ou do mecânico.

Você não faz nada disso, não precisa de nada disso; você é homem.


Polandesamente falando: dia internacional do homem. Muitos desconhecem, mas já existe há 10 anos. Que os "machos" de verdade se sobressaiam. De vocês sim nós temos muito orgulho.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Fast-food dos milagres



- Por que foram marcar duas reuniões seguidas? Uma na zona sul e outra na zona lost. Alô? Alguém sabe o significado de "seguido" em São Paulo? E eu num carro 1.0 e atrasada. Arg! Ai que fome, ai que fome, AI QUE FOME! Faltam mais algumas esquinas. Será que dá tempo de um lanchinho?


O ronco de sua barriga e o do motor criavam uma linda sinfonia - para os surdos. Vanessa dirigiu por mais alguns metros quando avistou uma placa que dizia "Drive-thru da oração". A fome era tanta que só conseguiu ler a parte mais importante - para seu estômago. O problema de estar faminto é que se come as palavras - literalmente. Não conseguiu reconhecer o estabelecimento, mas decidida a não desmaiar no meio de tanta gente importante, entrou sem hesitar.

- Nossa! Nenhum infeliz, isto é, carro na minha frente? Maravilha! Cadê aquele lindo letreiro luminoso com todas as tentações possíveis? Certo, eu comeria qualquer coisa se bobear, mas quero opções né! Esse volante me lembra tanto uma rosquinha... Onde coloquei aquele sachê de açúcar? Era só te polvilhar benzinho... Ai que alegria! Olha ali o guichê! Você está salva direção. Mas fica esperta porque se bobear de novo, qualquer dia desses eu, você e o refinado branco temos um encontro.

Parou, puxou o freio de mão e abriu a janela. Do lado de fora, num cubículo sem vidro estava um rapazinho franzino de macacão cinza e um boné que dizia "Ele ilumina seu caminho". Vanessa achou meio estranho, mas pelo dizer, a refeição valeria a pena.

- Pois não?

- Oi, é... eu gostaria do maior sanduíche de carne bovina que tiverem, uma batata grande e um refrigerante diet.

- Hahahahahahahahaha! "Cê" tá caçoando de mim né dona? (Eu nunca faria isso - com um estranho, pensou ela)

- Aqui a gente não vende lanche não senhora. Só se quiser Ave Maria na chapa pra viagem! Hahaha! Isso aqui é um drive-trhu de oração. Funciona assim: você estaciona, me conta seus problemas e eu digo: eu te perdoo e te abençoo. Que Ele ilumine seu caminho. Será que era isso mesmo que se falava? Acho que era. É que a gente recebe treinamento antes de iniciar, mas eu entrei atrasado e acabei perdendo umas aulas. Hehehe. Bem, daí você paga o valor que deu no abençoímetro (R$ 189,43); ele depende de quanto a pessoa abre a matraca sabe, quer dizer, compartilha seus temores com o Senhor e é só seguir viagem.

Mais verde que o Hulk, Vanessa respirou por um instante e disse:

- Então meu amigo, que Deus abençoe minha úlcera.


Polandesamente falando: entrar no comércio do perdão é uma opção para aqueles que não vêem que a religião é um templo de compra e venda. Na verdade, mais de compra, pois vender a fé e seus benefícios e receber garantia através da moeda, isso sim seria um verdadeiro milagre.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

"Vadialismo"



Passos rápidos de um belo sapato marfim. O brilho destes pés era reconhecido pela multidão. Disfarçar-se? Muito difícil, pois a cada esquina este jovem respondia a um bom dia. Os olhares ganhava, exceto um, o de uma bela donzela que não conhecia. Como o seu calçado, os saltos atraíam atenção, mas de uma forma diferente, ninguém naquela cidade sabia de quem eram os cabelos negros que ondulavam nas costas largas de fina cintura.


Decidido a descobrir, mudou seu caminho e foi em direção à moça. No curto trajeto escolhia as palavras, queria um cortejo tão doce quanto os olhos negros da encantadora dama e tão impactante quanto seu farto decote. Falar que era primo distante? Talvez. Boa desculpa, poderia funcionar.

- Bom dia senhorita. És a bela Rosalinda minha prima de outras terras que virara Sol aquecendo e iluminando esta manhã?
- E aí cara! Acho que não meu. Minha véia não tinha brothers.

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O que eu tô fazendo aqui? Nossa, eu mato o Flavinho. Se eu não morrer antes de surdez crônica, juro que acabo ele e com aquela raça de amigos. Eu disse que não queria ir, mas adiantou? Não! "Vamos cara! Vai ser irado! Você pega várias e fácil fácil!" Pelo menos meus pensamentos conseguem andar, porque aqui tô pior que múmia. Será que Tutankamon ia gostar de balada? Hum... acho que não, ele ficava sem se mexer, mas acho que ia preferir o silêncio da tumba. Isso, vou até lá perguntar pra ele, uma ideia bem melhor do que estar aqu...

Fernando parou de pensar, na verdade, esqueceu que sabia pensar. Viu algo mais belo do que podia um dia imaginar que seria a beleza. Uma linda ruiva de longos cabelos lisos e curto vestido. Corpo violão era pouco, aquela ali era a própria orquestra com direito a maestro renomado. Dançava com as amigas num ritmo que ele desconhecia. O que não importava em nada, pois nem queria estar ali mesmo... ou queria?

Falo ou não falo com ela? Deus do céu! O que vou dizer? Sou mais tímido que o Sheldon e mais atrapalhado que mula manca. Ah, não deve ser tão difícil assim. "Vamo" lá, você consegue. Um passinho aqui, mais um pra direita e estamos quase lá. Não desmaia e não vomita nela como fez da última vez. Pára de pensar nisso. Ok. Parei. Tá tudo organizado aqui na cabeça. Me apresento, elogio a moça e converso com ela como se fosse uma pessoa normal e equilibrada. Ela está bem na minha frente... Qual era o plano mesmo?

- Linda moça de cabelos vermelhos; se tivesse um único dom, escolheria parar o tempo e nunca mais piscar, para não perder um instante sequer de tal doce e esplêndida alegria que provoca a meus olhos.

Fernando estava extasiado. Nem acreditava que conseguira. Aguardava (por poucos, mas intermináveis segundos) uma resposta.

- Cai fora mané! Magrelo ninguém "qué"!

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O mundo é promíscuo meu amigo. Não existe mais conquista. O calor é entregue pela vestimenta, linguagem sem conteúdo e ação impensada. Você não precisa nem pagar. Sedução mental? Só se for a de pensar e escolher qual pedaço de pano usar. As outras mulheres conquistaram seu espaço e respeito e estas contaminam uma reputação. Não é só o sexo frágil que se encaixa nesta exploração de raciocínio e reflexão. Voltamos à Idade da Pedra, ao invés de tacos de madeira, usam os músculos para atrair e capturar as fêmeas e esquecem completamente de exercitar o quase perdido e chamado cérebro.

Polandesamente falando: difícil ver o romance, o encanto e a pureza do amor, quando a promiscuidade embaça as vistas daqueles que ainda acreditam na cumplicidade e no sentimento verdadeiro.