domingo, 24 de outubro de 2010

Rede Aleluia e "A Hora do Presidiário" (Como se alguma outra não fosse...)



Dirigindo pela noite você "zapeia" as estações em busca de boas sonoridades. As 10 melhores pra lá... as tantas ruins pra cá. Quase desanimando e prestes a colocar um CD, escuta a chamada: "A Hoooooooooora do Presidiáriooooooooooooo!". Quem? Como? Pensa. Com medo de que algum assassino maluco possa materializar-se a seu lado, cogita mudar logo de frequência, mas perplexo com o que acabara de ouvir, decide estacionar na rádio. O programa, muito diferente de tudo que já escutou, apresenta a troca de palavras entre presidiários e seus familiares. Como? Pergunta novamente. Através de cartas enviadas à estação, que são lidas ao vivo e comentadas pelo pastor/locutor. No caso em particular, a tia desesperada dizia:

- Ah meu piqueno! A genti ti ama tantu! Eu, a Vanici, o Creiton e a Pulguenta sentimu tantu sua falta. Todo munu (tudo bem que rádio é mídia de massa, mas "todo mundo"? Essa foi exagero...) tem que sabê que ocê é boa pessoa e que ocê tá aí é inganu. A genti torce prucê saí logo daí e vir abraça o Valtinho e o Wandersu.

Definitivamente se ele está preso é porque não é tão bonzinho assim né minha senhora. Foram quase 10 minutos de lágrimas e palavras de saudade. Quando o locutor intervinha, surgiam mais e mais frases da ouvinte. Será que o tal malfeitor ficará sabendo dos incentivos de sua tia? O locutor respondeu minha pergunta sem querer:

- Oh minha filha, não se preocupe! - dizia para a participante. - Suas palavras divinas serão levadas a seu sobrinho através da rádio!

- Aleluia! Respondeu ela.


Polandesamente falando: os presidiários vivem em um lugar fortificado e guarnecido militarmente. Teoricamente deveriam isolar-se do mundo e cumprir sua pena em amargura. Verdadeiramente têm regalias como rádio, dinheiro, drogas, aparelhos eletrônicos, etc. Muitos humanos direitos não tem nem o que comer... fatidicamente.

domingo, 17 de outubro de 2010

O Mesmo



Hora do rush. Você imagina o caos do trânsito, as buzinas e o transtorno que te aguarda. Sai do escritório e para em frente ao elevador (Ai que gracinha, ele tem portas! Pensa). Quando as "portas da esperança" se abrem você treme. 15.000 pessoas estão dentro de um pouco mais de 1 metro quadrado. Nada, nada é pior do que ter que enfrentar aquele elevador cheio. Cheio de desconhecidos. Fica o clima pesado, onde o silêncio é mais profundo que enterro de surdo-mudo. Você está no 19º andar e tem uma maratona pela frente. O térreo nunca chega e a agonia aumenta. São motoboys, senhores engravatados, mulheres tentando se pentear no espelho, etc. De vez em quando uma troca de olhares acontece, mas tímido, você encara o próprio pé. E a agonia continua... Olha para a marcação dos andares, que aos poucos na contagem regressiva chegará finalmente no lugar mais quisto no mundo: o térreo. Há quem vá ao S1 ou S2. Coitados. Além do silêncio angustiante têm que aturar todas as pessoas saindo e se empurrando antes de chegar no estacionamento. O que fizeram para merecer tal sofrimento? Cara lá de cima? Tenha dó destes seres.

Agora me pergunto. Por que o silêncio? É praticamente instintivo? Se reparar nos comerciais, filmes, etc., de outros países perceberá que também funciona da mesma maneira. Será que é o destino de todos os seres humanos sofrer ao menos uma vez na vida com o elevador? Maldito seja Elis Graves Otis! Poderíamos subir os andares de teleférico, não? Não precisaríamos aturar o silêncio conjunto, afinal iríamos cada um em sua cadeirinha. Não morreríamos de tédio, seriam 45s em uma aventura alucinante. Ou, poderíamos ir de cama elástica. Além da rapidez, praticaríamos exercícios... a verdaderira ginástica laboral.

Calma. Não fique assustado ou traumatizado. Não se preocupe, aqui no polandesamentefalandonadadeinteressantepravocê, te ensino a lidar com esta situação super chata e com a maior classe. Veja que bacana estas 25 dicas para "quebrar o gelo" quando se está num elevador:

1- Fazer bundalêlê para câmera (quando se está devidademente depilada)
2- Soltar um pum
3- Coçar a bunda
4- Colar chiclete debaixo da carteira
5- Colar o sensacional papelzinho "Me chute!" no colega de transporte
6- Fumar
7- Colocar fogo na própria cabeça
8- Comer brócolis, couve-flor e derivados
9- Pular corda besuntada de cerol
10- Cantar um pagodinho (não esqueça os óculos da cabeça!)
11- Fazer abdominais
12- Correr em círculos
13- Nadar (com bóia da Hello Kitty)
14- Preparar um sushi
15- Contar uma piada de executivo
16- Plantar bananeira
17- Fazer o número 2
18- Treinar o número de mágica de fazer o elevador sumir
19- Perguntar se alguém ali é "o Mesmo"
20- Jogar boliche
21- Contar que semana passada um cara morreu ali no mesmo elevador
22- Ligar pro disque amizade, cutucar o colega ao lado e dizer: "Cara, é pra você!"
23- Alimentar um leão
24- Começar um revive de: "A ascensorista roubou pão na casa do João..."
25- Jogar Monopoly

Pronto. Agora meu caro, você está apto a sobreviver com classe em sua viagem no "túnel do tempo de trabalho". You're welcome darling.

Polandesamente falando: por favor, inventem logo o teletransporte.

sábado, 16 de outubro de 2010

And the Oscar goes to... Freire!


Doze horas e trinta e dois minutos. Fome. Muita fome. Uma cadeira abandona o repouso, outra gira cento e oitenta graus. Os passos de seus ex-ocupantes se encontram. Um botão aceso e uma voz aguda: "Elevador descendo". Em terra firme, atravessam o extenso hall e estacionam seus reluzentes sapatos na bela calçada.

- Reservou nossa mesa?
- Oui mon chéri.

Poucos metros percorridos pela rua mais chique da cidade. Um restaurante. Entre lagostas e conversas sobre moda, money e Paris, algo distanciou a elegante mulher da "Eiffel tower". Do outro lado da rua, parada em frente a um hair styles & haircuts, uma linda mulher de pernas compridas e torneadas, revestidas por um jeans da moda. A composição se completava com um salto alto, uma blusinha branca e diversos colares e pulseiras. Segurava um cigarro na mão e soltava lentamente a fumaça pela boca.

Uma cena comum, a não ser pelo fato da mulher estar fora do salão, com papelotes e tintura nas madeixas. Glamour de Medusa.

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O que é o glamour ou o status social quando se tem uma necessidade? O que não se faz por um vício?


Polandesamente falando: os de "sangue azul" têm um estilo de vida peculiar, rebuscado e uma imagem a zelar. Ignoram o mundo "inferior" e ao mesmo tempo se mostram preocupados em fazer-se aparecer. Desfilam pelas ruas e lugares mostrando perfeição - o que os seres humanos nunca poderão ter. Mas esquecem, ou não percebem, que por mais que passem por ruas diferentes, no final, todos vão para o mesmo lugar.