sábado, 11 de dezembro de 2010

Conselheiro virtual


Quem nunca baixou vídeos, músicas, filmes e afins da internet? Se negar será preso por delito do Pinocchio. Existem os sites confiáveis em que depois de simples passos e minutos você consegue desfrutar dos arquivos desejados, porém, alguns, diria suspeitos, nos fazem colocar o número de celular em consequência de uma permissão para obter o que queremos baixar.

Você olha para a inofensiva página e pensa: "Ah, que legal! Eles têm o que preciso, maravilha! Só tenho que colocar meu cel aqui? Como assim? Ah... tudo bem, é de graça mesmo... o que de ruim pode me acontecer?" Depois de um minuto você descobre (O delivery do China In Box poderia ser assim...). Seu aparelho telefônico vibra. Contente e achando que seria um sinal de vida daquela amizade colorida, ansioso corre para verificar, descoordenado e tropeçando por todos os cantos. Ao pegar o celular vê um número e nome estranhos. Desconfia que seja a maldita promoção da Tim ou o Gugu dizendo que ganhou finalmente o carro da "Promoção Premiada!". Não, dessa vez era algo diferente:

"Invista no seu melhor olhar para chamar a atenção dela(e) e iniciar uma boa conversa. Envie NOVO para tc com novos amigos!"

- Quê? - Diz a si mesmo.

Passados poucos minutos, novamente:

"Se você não acreditar em você e em sua capacidade, ninguém mais o fará!"

E de novo:

"Não se mate. Poupe esforços! Deixe que o façam por você!"

- Que P^%* é essa? - Pensa incrédulo.

Cancelar é humanamente, e virtualmente impossível. Revira o Google, até a barsa. Nada. Aquelas mensagens motivacionais se tornam "alegrias" diárias. Exausto das fracassadas tentativas de se livrar do "amigo" mais grudento e incômodo que quebra-queixo em dente cariado, resolve procurar ajuda psicológica. Depois de horas divagando acaba levando seu psicólogo à loucura.

Semanas se vão. Desiludido, acaba aceitando o que o destino impôs, afinal não tinha mesmo muitos amigos.



Polandesamente falando: às vezes o aparentemente mais prático se mostra o mais trabalhoso. O "livre" te prende a cada consequência...

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

A diferença pros indiferentes


- A gente num somu motoboy, a gente somo motocicrista - disse o camarada. Sua jaqueta em forma de iglu de contrária coloração dava-lhe um aspecto engraçado, como boneco de posto em dia de ventania. Os braços do homem não dançavam como os do brinquedo de frentista, sua pose estilo Super Homem e seu sorriso amarelado enchiam-no de orgulho ao pronunciar a palavra caçula.

- Ah, me desculpe moço. Não sabia que tinha diferença - retrucou ironicamente a garota, olhando o emblema empresarial no centro da vestimenta do rapaz.

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E você que diariamente acompanha o trânsito, sabe a diferença? Não? Veja só:

Motociclista: pessoa que conduz uma motocicleta.
Motoqueiro: diz-se do, ou o que anda de motocicleta.

Motoboy: profissional que utiliza uma motocicleta (geralmente de baixa cilindrada, de 90 a 250cc) para entregar e receber diversos tipos de objetos: pizzas, fast-foods em geral, documentos, pagamentos bancários entre outros.

Agora, por favor, não confunda mais para não ofender o condutor das duas rodas.


Polandesamente falando: não adianta embelezar, uma reputação imodificável é uma reputação imodificável.

domingo, 5 de dezembro de 2010

O significado de um significante insignificável


Se sua imaginação vai além imaginando o sentido da vida, imagine se ela não tiver um sentido. Sua mente irá para o além.

A vida é um complexo vazio. Extraindo os nomes dados pelos seres humanos às coisas, o que sobrará? O nada. Se seu conceito do "nada" foi formado por significados impostos pela sociedade que assim o definiu, tente imaginá-lo sem isso. Impossível. Sua mente vagará pelo imenso conflito de determinações.

O homem necessita nomear as coisas para tentar justificar seu viver. Enlouqueceria se não se sentisse motivado a descobertas. Viveria o nada para chegar ao nada.


Polandesamente falando: se nomeamos o abstrato viver, vimemos abstraindo um conceito inexistente.

domingo, 28 de novembro de 2010

Ah, o amor... (parte 4 de...)


Princípios de vida permeiam
A natureza bruta

Onde ossos anseiam
Por mais uma luta.


Resistentes ao inimigo tempo

Conceber conjunto deveriam
Dependentes de alento

Na incerteza desfaleceriam.


Esperançosos pelo novo viver

Empenham-se na regeneração
De sua alma soçobrada
Ideando solução.

Polandesamente falando: é preciso que o amor se torne um cadáver que nos sorri com verdadeiros dentes, pois as dentaduras só imitam um sorriso preenchido para esconder o vazio de nossa boca.

domingo, 21 de novembro de 2010

Tenha a bondade



Um rato oscilava pelo passeio sombrio. Há horas procurava substância nutritiva. A gélida noite soava lástima e com o roncar estomáquico do roedor hamonizava. A visão, já turva pelo cansaço, brindava-o com alucinações. O vento trazia possível fartura, e esperançoso, o animal aguardava. Logo, a extensão retilínea entre a comida e seus olhos encurtava e tornava-se mais um suspiro. Insistentes, suas patas continuavam deslizando.

Icontáveis passos deu, até que meia maçã rolou em sua direção. Parecia cessar a interminável busca. Contemplou a exígua fruta em imperceptível podridão. Tal foi seu contentamento que decidiu conduzi-la à um abrigo para assim assegurar a continuidade de sua existência.

Na jornada atemporal pela sobrevivência, adiante, um obstáculo. O rato stagnou-se e analisou o amontoado com aferro; pareceu-lhe humano. Aproximou-se e a certeza surgiu. Um homem. Envolto em trapos imundos e estirado no centro da calçada entrava em modorra. Os pelos que combriam-lhe a extensão eriçaram-se em repulsa, náuseas afloraram. Os humanos causavam-lhe aversão, contudo, não tinha forças para cruzar a rua. Atravessaria com cautela para não despertá-lo.

Aos poucos locomovia-se e analisava o morador do caminho público, que magérrimo e abatido, lacrimejava e tremia. A visão da mediocridade agitou o âmago de seu órgão pulsátil.

- Um rato... - Murmurou o homem em transe, percebendo o visitante e fazendo uma careta.

O pequeno mamífero ficou imóvel por um instante, e, em seguida, decidido, empurrou a maçã encostando-a na face do sem-teto. Olhou-o por um segundo mais e com celeridade afastou-se.

Ainda sonolento, o indigente balbuciou:

- Obrigado ratinho.


Polandesamente falando: agir com bondade é mais do que simplesmente fazer algo para agradar alguém. É abrir mão do que mais necessita, quando percebe que o que precisa é ajudar quem não tem consciência disso.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Cirurgia bariátrica - Comodismo no mundo das comidinhas


Café-da-manhã, lanche... lanchinho, lanchinho, lanchinho. Almoço, lanche... lanchinho, lanchinho, lanchinho. Janta, lanchinho, lanchinho, lanchinho.

Quando pequeno sua mãe dizia: "Filhinho, você tem que comer para crescer e ficar forte", e desde então você seguiu o conselho sábio de sua inspiradora. Percebeu após anos que havia entendido errôneamente. Será que minha mãe era louca? Queria me encher até o tacho, causando-me um "Big Bang" arterial? Pensou. Para não se preocupar em falhar com a digníssima, nem com o que seu corpo necessitava, resolveu comer de tudo. E fez-se o problema. As extremidades horizontais insistiam em ser maiores que seu comprimento.

Já grande, o ritual continua o mesmo, mas não o peso. Aqueles números da balança não param de crescer. Nesta época você se arrepende de ter aprendido a contar. Diariamente, e, sem perceber, os carboidratos e açúcares misturam-se com o suco gástrico.

O tempo avança e com ele o consumo de suas energias. O cansaço domina seu corpo, mesmo em repouso. Um quarteirão de caminhada parece a São Silvestre. Não aguentando mais tal situação decide ir ao endocrinologista. Enquanto tenta entender o discurso do profissional sente uma vontade danada de comer um docinho. Tenta enganar o estômago engolindo saliva. Finalmente quando parecia ter acabado, ele te passa uma dieta e te explica que deverá reeducar sua alimentação. Reeducar? Mas eu já saí da escola há anos! Ok. Vou tentar, afinal não deve ser tão difícil assim.

No primeiro dia você está altamente empolgado com o desafio, segue exatamente o que indica o papel. Na segunda manhã começa o tormento. A maledeta vontade de comer doce. Um pedacinho só não deve ter problema. Pensa. E vai um pedaço hoje, mais um amanhã. As porções tornam-se barras e no fim do mês a bronca do doutor. Chateado e querendo se matar, mergulha na comida. E assim vão mais bons quilos para a perdida conta.

Desiste da dieta sem ao menos ter realmente tentado. Encontra uma opção mais viável. Seu colega de trabalho fez, seu vizinho, todo mundo está fazendo essa tal de cirurgia bariátrica. Você entra na fila, e, após meses de espera - em que poderia ter controlado o mastigar - recebe a informação de que finalmente é sua vez de ser saudável.

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Comodismo gastronômico. Facilidade prazerosa do comer sem se esforçar para vencer a balança. Ao contrário de uma batalha comum em que ganhar território e conquistar o inimigo é o propósito, você conquista os quilos do outro lado da linha da guerra para depois arrancá-los de ti, à força, parte de você vai embora, seu estômago. Não deveria ser quem conquista mais e sim quem perde mais homens "gordurentos" do jogo de cintura.

Você não sua para conseguir, o suor frio é o de gastar dinheiro com remédios e vitaminas para toda vida. A paciência em emagrecer de forma salubre é abafada pela ansiedade em ser uma projeção do seu ser perfeito. Delonga muito.

Polandesamente falando: o comodismo aniquila as dificuldades. Não existe empenho e a aventura de provar a si mesmo que é vencedor. O pior peso que se carrega é o da consciência que poderia ter sido diferente.

domingo, 24 de outubro de 2010

Rede Aleluia e "A Hora do Presidiário" (Como se alguma outra não fosse...)



Dirigindo pela noite você "zapeia" as estações em busca de boas sonoridades. As 10 melhores pra lá... as tantas ruins pra cá. Quase desanimando e prestes a colocar um CD, escuta a chamada: "A Hoooooooooora do Presidiáriooooooooooooo!". Quem? Como? Pensa. Com medo de que algum assassino maluco possa materializar-se a seu lado, cogita mudar logo de frequência, mas perplexo com o que acabara de ouvir, decide estacionar na rádio. O programa, muito diferente de tudo que já escutou, apresenta a troca de palavras entre presidiários e seus familiares. Como? Pergunta novamente. Através de cartas enviadas à estação, que são lidas ao vivo e comentadas pelo pastor/locutor. No caso em particular, a tia desesperada dizia:

- Ah meu piqueno! A genti ti ama tantu! Eu, a Vanici, o Creiton e a Pulguenta sentimu tantu sua falta. Todo munu (tudo bem que rádio é mídia de massa, mas "todo mundo"? Essa foi exagero...) tem que sabê que ocê é boa pessoa e que ocê tá aí é inganu. A genti torce prucê saí logo daí e vir abraça o Valtinho e o Wandersu.

Definitivamente se ele está preso é porque não é tão bonzinho assim né minha senhora. Foram quase 10 minutos de lágrimas e palavras de saudade. Quando o locutor intervinha, surgiam mais e mais frases da ouvinte. Será que o tal malfeitor ficará sabendo dos incentivos de sua tia? O locutor respondeu minha pergunta sem querer:

- Oh minha filha, não se preocupe! - dizia para a participante. - Suas palavras divinas serão levadas a seu sobrinho através da rádio!

- Aleluia! Respondeu ela.


Polandesamente falando: os presidiários vivem em um lugar fortificado e guarnecido militarmente. Teoricamente deveriam isolar-se do mundo e cumprir sua pena em amargura. Verdadeiramente têm regalias como rádio, dinheiro, drogas, aparelhos eletrônicos, etc. Muitos humanos direitos não tem nem o que comer... fatidicamente.

domingo, 17 de outubro de 2010

O Mesmo



Hora do rush. Você imagina o caos do trânsito, as buzinas e o transtorno que te aguarda. Sai do escritório e para em frente ao elevador (Ai que gracinha, ele tem portas! Pensa). Quando as "portas da esperança" se abrem você treme. 15.000 pessoas estão dentro de um pouco mais de 1 metro quadrado. Nada, nada é pior do que ter que enfrentar aquele elevador cheio. Cheio de desconhecidos. Fica o clima pesado, onde o silêncio é mais profundo que enterro de surdo-mudo. Você está no 19º andar e tem uma maratona pela frente. O térreo nunca chega e a agonia aumenta. São motoboys, senhores engravatados, mulheres tentando se pentear no espelho, etc. De vez em quando uma troca de olhares acontece, mas tímido, você encara o próprio pé. E a agonia continua... Olha para a marcação dos andares, que aos poucos na contagem regressiva chegará finalmente no lugar mais quisto no mundo: o térreo. Há quem vá ao S1 ou S2. Coitados. Além do silêncio angustiante têm que aturar todas as pessoas saindo e se empurrando antes de chegar no estacionamento. O que fizeram para merecer tal sofrimento? Cara lá de cima? Tenha dó destes seres.

Agora me pergunto. Por que o silêncio? É praticamente instintivo? Se reparar nos comerciais, filmes, etc., de outros países perceberá que também funciona da mesma maneira. Será que é o destino de todos os seres humanos sofrer ao menos uma vez na vida com o elevador? Maldito seja Elis Graves Otis! Poderíamos subir os andares de teleférico, não? Não precisaríamos aturar o silêncio conjunto, afinal iríamos cada um em sua cadeirinha. Não morreríamos de tédio, seriam 45s em uma aventura alucinante. Ou, poderíamos ir de cama elástica. Além da rapidez, praticaríamos exercícios... a verdaderira ginástica laboral.

Calma. Não fique assustado ou traumatizado. Não se preocupe, aqui no polandesamentefalandonadadeinteressantepravocê, te ensino a lidar com esta situação super chata e com a maior classe. Veja que bacana estas 25 dicas para "quebrar o gelo" quando se está num elevador:

1- Fazer bundalêlê para câmera (quando se está devidademente depilada)
2- Soltar um pum
3- Coçar a bunda
4- Colar chiclete debaixo da carteira
5- Colar o sensacional papelzinho "Me chute!" no colega de transporte
6- Fumar
7- Colocar fogo na própria cabeça
8- Comer brócolis, couve-flor e derivados
9- Pular corda besuntada de cerol
10- Cantar um pagodinho (não esqueça os óculos da cabeça!)
11- Fazer abdominais
12- Correr em círculos
13- Nadar (com bóia da Hello Kitty)
14- Preparar um sushi
15- Contar uma piada de executivo
16- Plantar bananeira
17- Fazer o número 2
18- Treinar o número de mágica de fazer o elevador sumir
19- Perguntar se alguém ali é "o Mesmo"
20- Jogar boliche
21- Contar que semana passada um cara morreu ali no mesmo elevador
22- Ligar pro disque amizade, cutucar o colega ao lado e dizer: "Cara, é pra você!"
23- Alimentar um leão
24- Começar um revive de: "A ascensorista roubou pão na casa do João..."
25- Jogar Monopoly

Pronto. Agora meu caro, você está apto a sobreviver com classe em sua viagem no "túnel do tempo de trabalho". You're welcome darling.

Polandesamente falando: por favor, inventem logo o teletransporte.

sábado, 16 de outubro de 2010

And the Oscar goes to... Freire!


Doze horas e trinta e dois minutos. Fome. Muita fome. Uma cadeira abandona o repouso, outra gira cento e oitenta graus. Os passos de seus ex-ocupantes se encontram. Um botão aceso e uma voz aguda: "Elevador descendo". Em terra firme, atravessam o extenso hall e estacionam seus reluzentes sapatos na bela calçada.

- Reservou nossa mesa?
- Oui mon chéri.

Poucos metros percorridos pela rua mais chique da cidade. Um restaurante. Entre lagostas e conversas sobre moda, money e Paris, algo distanciou a elegante mulher da "Eiffel tower". Do outro lado da rua, parada em frente a um hair styles & haircuts, uma linda mulher de pernas compridas e torneadas, revestidas por um jeans da moda. A composição se completava com um salto alto, uma blusinha branca e diversos colares e pulseiras. Segurava um cigarro na mão e soltava lentamente a fumaça pela boca.

Uma cena comum, a não ser pelo fato da mulher estar fora do salão, com papelotes e tintura nas madeixas. Glamour de Medusa.

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O que é o glamour ou o status social quando se tem uma necessidade? O que não se faz por um vício?


Polandesamente falando: os de "sangue azul" têm um estilo de vida peculiar, rebuscado e uma imagem a zelar. Ignoram o mundo "inferior" e ao mesmo tempo se mostram preocupados em fazer-se aparecer. Desfilam pelas ruas e lugares mostrando perfeição - o que os seres humanos nunca poderão ter. Mas esquecem, ou não percebem, que por mais que passem por ruas diferentes, no final, todos vão para o mesmo lugar.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Liberdade de escolha?



Fazia compras num mercadinho simpático de seu bairro com as amigas. Procurar os últimos lançamentos em todas as prateleiras de todos os corredores em todos os setores não era cansativo, pelo contrário, era diversão. As "coisas de mulher" adquiridas estavam em mãos, seguras, e, para melhorar, o Sol matinal aquecia a aventura. Tudo perfeito - até o momento.

Saiu do paraíso - que ao mesmo tempo era o inferno para seus cartões de crédito -, e avistou um grupo de pessoas caminhando com placas, adesivos e um microfone. Escutou uma música - nada criativa - de um candidato à política. Se tivesse uma sobrinha de 5 anos teria certeza de que faria melhor; aliás, até indicaria para o partido, coitados. Anotou na agenda: "quando andar pela rua e escutar um jingle horrendo lembrar de indicar a sobrinha fictícia para os caras e tentar ganhar uma grana com isso".

A música, ruim por si só, cantada pelo grupo tornava-se insurpotável. Os assassinos de tímpanos saudáveis andavam e colavam - sem autorização - adesivos nos transeuntes. Pararam em frente à uma loja, atrapalhando o trânsito e sua bela manhã. Absurdo - pensou a garota. Absurdo.

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Época de eleição. Todos "adoram". As leis, antes imutáveis, passam pelo "jeitinho brasileiro". Exemplo? A "Lei da Cidade Limpa" não é considerada neste período. Placas de candidatos são vistas pelas ruas (atrapalhando a passagem pela calçada), fincadas na grama (destruindo a natureza), ao lado de sua janela do carro (criando a impressão de que existem cabeças voadoras), dispostas em triciclos, etc.

São falsas promessas, mentiras, projetos absurdamente impossíveis, afagos em crianças (alguém entende o sentido disso? Como se alguma soubesse quem eles são. E, se descobrissem, tenho certeza que não gostariam de receber o "carinho"), sorrisos amarelos...

São tantas coisas para nada.
E tem gente que ainda acredita...

Polandesamente falando: Liberdade, palco de grandes lutas na história da capital serve nessa época de show para os escravos da falsa liberdade de escolha. Não é possível decidir, quando as opções disponíveis não são opções. Não escolhemos candidatos, eles próprios o fazem. É preciso aprender a libertar a si mesmo para assim lutar pela verdadeira liberdade.

domingo, 19 de setembro de 2010

Descartes


Última pincelada de tinta, um soprinho e pronto. Magnífico. Para Godofredo, o encanto da obra finalizada superava um semestre de trabalho árduo, empenho e cansaço. Dona Melinda ficará satisfeitíssima - pensou. Depositou levemente o vaso na mesa de centro e sentou-se no sofá próximo, defronte à criação. Ficou a admirá-lo, relembrando todo o cuidado que teve para pintá-lo. Seu coração sorria, entregaria o presente para a mulher mais bela que já vira; sua amada.

Cessando devaneios, levantou. Vestiu-se elegantemente e com seu melhor perfume umedeceu o pescoço. Segurou o vaso cuidadosamente e pegou o buquê de flores logo ao lado. Decidido de que hoje seria o dia de finalmente impressionar sua vizinha e assim fazê-la notar seu amor, caminhou até a porta destrancando-a. O barulho do trinco se abrindo fez seu coração palpitar num rápido compasso. Com as mão suadas, fechou a porta atrás de suas costas.

Não precisou nem sequer caminhar, afinal, sua deusa morava ao lado. Deu um passo largo à direita, se virou e apertou a campainha. Impaciente e com medo, teve vontade de se retirar como os ínfimos blocos de combatentes vislumbrando o campo vasto de inimigos, mas pensou e decidiu ficar. A vizinha, notando sua presença, perguntou do outro lado da madeira:

- Quem é?
- Sou eu, Godofredo - respondeu.
- Ah, oi! - Disse Melinda abrindo a porta bruscamente.

O movimento assustou o artista, fazendo-o soltar o presente. O vaso espatifou-se em segundos, estampando o chão cinza. Envergonhada, a mulher disse:

- Desculpe. Ah, mas não tem problema. Você me compra outro.

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Os produtos não têm a qualidade de antigamente. Você comprava um eletrodoméstico de durabilidade fantástica. Sua avó quem o diga: em sua casa lá estava a veterana geladeira; amarelada pelos anos, mas trabalhando como nova.

Preocupavam-se com qualidade e não quantidade. Aí você pensa: "Mas, como e por que mudou?" O "como" pode ser explicado por H. Ford, que de certa forma ajudou a criar a garantia estendida. O "por que?" tem uma resposta mais simples: avanços de ganância e tecnologia.

Essa análise sociológica é aplicável também às situações cotidianas. Atualmente tudo tornou-se descarte. O valor da palavra, a amizade verdadeira, o amor... É muito prático, joga-se fora e pega-se o novo. É a linha de produção das mercadorias da vida, postas em prateleiras de fundo falso.

Polandesamente falando: não descarte as coisas importantes em sua vida só por apresentarem a possibilidade de serem substituíveis. Às vezes a troca malfeita torna-se arrependimento irreversível. Valorize o que e quem você gosta. Sim, não descarta-se o fato de poderem ser repostos, mas nunca se esqueça, são sempre únicos.

domingo, 5 de setembro de 2010

Ah, o amor... (parte 3 de...)


No breu de minhas retinas percebi teu contorno melífluo. Resplandecente, seu sorrir despontou. Contemplei tal júbilo com veemência, supliquei que perdurasse e em meu viver onipresença se tornasse.

Polandesamente falando: amor. O acontecer de fascinação.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

"Vento ventania, não leve meu destino"


Seus pares locomotivos tremiam. Não conseguia carregar o triplo de seu peso, mas precisava transportar o bloco de folhas até o ninho. Sua família dependia disso, só assim poderiam se alimentar. Em meio a chacoalhões de esforços a pequena saúva andava e descia pela árvore. Enquanto suava para completar a tarefa a natureza preparava a sua.

Uma rajada de vento como nunca vista fez balançar intensamente as folhas presas às patas da formiga até que seu esforço em agarrá-las foi vencido. Voaram por todos os lados e pousaram ao chão enquanto a carregadeira foi levada a galhos vizinhos pelas ondas de gases invisíveis.

A pobrezinha olhou desanimada para o desastre. Tinha que recomeçar a jornada, antes que seu estômago roncasse.


Polandesamente falando:
as mudanças ocorrem constantemente. Algumas são facilmente identificadas proporcionando tempo para lidarmos, outras chegam de surpresa e a paciência e dedicação são as ferramentas para nos adaptarmos.

sábado, 28 de agosto de 2010

OTN - o imaginário em claquetes

(Na foto: Raul e Ignácio)

Imagine seu ídolo. Pode ser ator, cantor, esportista... cozinheiro de refeições não-comestíveis, faxineiro de nariz constipado, limpador de piscinas de bolinhas, cabeleireiro de pé de hobbit, eyebrow stylist do Spok e afins. Sonhe poder ajudá-lo por uma causa maior. Algo bem grande, feito de coração e criado pela mente.

Imaginou? Então agora pare de fantasiar e simplesmente faça.

Polandesamente falando:
ter conversado com meu autor preferido, virado vampira, morrido queimada pelo Sol e revivido; tudo no mesmo dia, foi inesquecível.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

"...Caminhando e cantando e seguindo a canção..."


Dia exaustante. O cansaço físico e mental dominam teu corpo. O que você mais quer é chegar o quanto antes em casa. Aquele banho morninho e um bom jantar te fazem imaginar como seria sensacional ter comprado um helicóptero; melhor ainda se tivesse poupado os reais gastos com os constantes e irrecusáveis happy hours. Se arrepende amargamente quando avista o símbolo da Mercedes-Benz preso na caixa retangular e metálica com rodas em excesso? No máximo adquiriu um bilhete único? É... "rapadura é doce, mas não é mole não" meu caro.

Como se esse transtorno já não fosse suficiente para sua vida ser uma merda, você entra no ônibus. As encoxadas por velhos tarados, cotoveladas, joelhadas, cabeçadas, pisadas de pé, "bundadas", mal cheiro, xingamentos, erros de potuguês e a fluência dos outros passageiros em dialetos desconhecidos são rotina. Você olha a paisagem - que não muda. São carros e mais carros parados em volta - e começa a pedir para todos os santos e ao Todo Poderoso Timão que chegue logo, ou pelo menos vivo.

Até aí tudo andava "bem", mas de repente você escuta uma música e pensa que é de algum veículo que deixou o vidro aberto. Não. Você se enganou. Aquele jovenzinho infeliz a dois bancos de distância está escutando música em seu celular em alto em bom som, quer dizer, só alto porque boa sonoridade nunca é. E a trilha sonora começa:

"Lua vai, iluminar os pensamentos dela (com essa música, o máximo que pode acontecer é iluminar até dar branco) fala pra ela que sem ela eu não vivo (ela é que tem que agradecer por não viver contigo) viver sem ela é o meu pior castigo...(o seu pior castigo é ter escolhido essa música pra cantar)". Tem quem traga repertórios mais ousados (e comestíveis, mas difíceis de engolir - se é que me entendem): "Depois lá dentro. Tem forró, tem batucada. Cantador de embolada..."

E depois de insistentes duas horas de trânsito (claro que o infeliz da música vai descer no ponto final) você se martiriza por não ter comprado aquele bendito helicóptero e na manhã seguinte o foco será em conseguir um sagrado cofrinho.

Polandesamente falando: as pessoas não têm noção de espaço, individualidade e respeito. São egoístas ao dividir (des)gostos com o coletivo.

domingo, 22 de agosto de 2010

O som da vida (ou morte)


O sacrifício por uma razão maior é motivo para trajar o orgulho camuflado. Dentre tantos desafios na jornada o agravante é pensar na vida como constante perda.

Deixa-se o mundo conhecido e o conforto para embrenhar-se na aventura das possibilidades. Uns levam o amor na lembrança ou um "simples" adeus, mas estes soldados encontram nas notas um refúgio e em seu maestro a imperceptível saudade de casa.

Polandesamente falando: a música é história de vida para todos por mais difícil que seja o seu viver.

sábado, 21 de agosto de 2010

À maldade bípede


Que a bolha da arrogância te faça surdo ao mundo dos elogios. Que seu coração de pedra construa um muro, desviando os bons sentimentos que alguém por você um dia possa ter. Que a humildade a ti seja castigo, paga com o suor da tolerância. Que a justiça em nossos olhos embace o caminho de sua morta alma, deixando-a vagar para sempre no nada.

Polandesamente falando: que a maldade se torne um cadáver que nos sorri com verdadeiros dentes, pois as dentaduras só imitam um sorriso preenchido para esconder o vazio de nossa boca.

domingo, 15 de agosto de 2010

Ah, o amor... (parte 2 de...)


Quem é você que faz de mim só sorrisos? Quem é você que de meu coração faz batida de único ritmo? Quem é você encanto doce de primavera? Quem é você controlador do tempo? Quem é você saborosa alegria? Quem é você voz de veludo? Quem é você nova euforia? Quem é você?

Será você meu destino? Será você grande recompensa? Será você calmaria de meus anseios? Será você meu desatino? Será eu e você?


Você é mistério. Você é o complexo. Você é descoberta?

O que é você?

Polandesamente falando:
descobrirei o que és para saber se és quem eu quero que sejas.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Enter Net na Moderna Idade


Presente há cerca de 2 décadas, a World Wide Web pode ser considerada sinônimo da modernidade; para os mais ousados, uma nova era: a.I. / d.I. No começo esta revolução comunicacional era dominada pelos jovens, mas de uns tempos pra cá tem feito brilhar olhos mais cansados.

Assim como "nossos" filhos estão crescendo num mundo totalmente diferente em que brincar de pega-pega ou jogar bola é feito no Wii e bichinho virtual é o nome carinhoso de seus celulares, os nossos queridos de cabelos cor de neve estão envelhecendo "digitalmente". A cada dia aumenta o número de participantes nas redes sociais. É outro modo de exercitar a mente; brincando de ser jovem novamente.


Polandesamente falando: tricô, xadrez e bocha são coisas do passado. Mas, o que são os "velhos tempos" quando os vovôs e vovós reclamam da velocidade dos aplicativos do Orkut e Facebook?

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Ao "Bando de Idiota"


Correr, é fácil, basta ser rápido. Correr na mesma sintonia de outras pernas é um desafio e requer uma habilidade especial, é preciso comprometimento.

Ganhar, é simples, basta chegar primeiro. Ganhar para quebrar recordes é estar preparado e não ter medo de tentar.

Receber o carinho da torcida é natural, basta cruzar a linha de chegada; mas para ser memorável é preciso dar mais de uma volta na pista.

Polandesamente falando: em uma corrida, correr com os próprios pés é vencer... Ter corrido com vocês foi ter buscado o verdadeiro valor da vitória.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Saúde pública - nada saudável


Analisem primeiro a foto da simpática placa informativa que fica dentro de um PS e tentem achar os 2 erros. (Acharam? Não? Ok, eu explico: 1- como pode a informação estar dentro do hospital sendo que o infectado com H1N1 tem que entrar pra ler? 2- Se alguém tiver dúvidas de como lavar a mão eles podem te ajudar. Sim, no português a ordem dos fatores altera o produto!)


Agora, a parte filosófica:

A cada instante mais pessoas se machucam. Acidente? Ou será que cada ferimento que temos é para nos fazer fortalecer em algo que nos é defasado? Estar doente é aprender? A dor representa o tempo de aprimoramento cultural/pessoal para um problema? Curar-se é amadurecer? Os que raramente se ferem têm melhor conhecimento próprio? Os que levemente se machucam possuem saliente capacidade de cura? E os que sofrem um terrível desastre, devem e por que aprender mais que os outros?


Quando morremos por algum "acidente" é porque já amadurecemos e aprendemos o suficiente? É aquilo que devíamos ter conhecido e somente?



Polandesamente falando: pronto-socorro não deveria ter esta nomenclatura. Receber atendimento em um é questão de prioridade. Se tiver um plano de saúde o atendimento é "pronto", caso contrário, espere por um socorro. Há também o atendimento por ordem de dor. Parece um leilão, quem grita "aqui dói mais" leva o leito. O mais impressionante é o atendimento Tele Sena. Quem faz mais pontos em fratura ganha morfina; os menos pontos só um sorinho caseiro.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Ah, o amor... (parte 1 de...)


Como defini-lo? Como encontrá-lo? Como deixar de senti-lo?


Amor, sentimento tão buscado. Percepção intensa e confusa. Amor, possibilidade de quem sente. Incerteza de quem teme não sentir. Amor, mutável e "evolutível". Amor e suas maneiras. Amor platônico, fraterno, de amigo e amor eterno.


O que nos faz amar? Por que amamos?


Amor, sentimento sem sentido, mas quando nos acompanha mostra caminhos. Palpitações involuntárias geradas por algo abstrato. Ações incompreensíveis que às vezes nos deixam até sem graça.



Polandesamente falando: o amor é um mistério precioso, incrível e delicioso.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Bufunfa


Não parece, mas tem muito no mundo. Muito nas mãos de poucos e uma pequena quantia nas de tantos. Os humildes sonham em tê-lo em demasia. Os afortunados o tem, mas não valorizam tanto quanto deveriam; aliás nem precisam, pois escassez monetária é termo desconhecido.


E se um dia a situação se invertesse? Ah, que alegria seria para aqueles da simplicidade! Comprariam o Universo para os familiares e comida nunca faltaria nas despensa. Seria fácil viver sem preocupações. Agora, e se o dinheiro dos milionários sumisse do dia pra noite e tivessem que viver com um ou dois salários mínimos? Conseguiriam conciliar as prioridades quando a única era comprar sem prioridade?


Polandesamente falando:
gastar é bom, mas saber como gastar é uma dádiva.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Coisa de homem


Você não chora em filmes românticos ou quando vê um cachorrinho abandonado. Não sorri para todos os tipos de filhotes. Não faz escova definitiva a cada 15 dias ou reclama da chuva quando acabou de sair do salão. Você não quer matar todo mundo uma vez por mês ou uma vez por semana quando seu esmalte borra. Não tem que usar maquiagem para ser bonito para a sociedade que assim impõe ou se torturar por ter comido aquele docinho de festa. Você não fica radiante o dia todo só por ter recebido um elogio. Não se irrita ao ser chamado de "princesa" ou quando olham pro seu bumbum. Não precisa combinar o sutiã com a calcinha e se preocupar se ela marca quando usa calça social. Você não precisa gastar fortunas com depilação e absorventes. Não precisa sentir medo de um inofensivo vidro de palmito ou do mecânico.

Você não faz nada disso, não precisa de nada disso; você é homem.


Polandesamente falando: dia internacional do homem. Muitos desconhecem, mas já existe há 10 anos. Que os "machos" de verdade se sobressaiam. De vocês sim nós temos muito orgulho.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Fast-food dos milagres



- Por que foram marcar duas reuniões seguidas? Uma na zona sul e outra na zona lost. Alô? Alguém sabe o significado de "seguido" em São Paulo? E eu num carro 1.0 e atrasada. Arg! Ai que fome, ai que fome, AI QUE FOME! Faltam mais algumas esquinas. Será que dá tempo de um lanchinho?


O ronco de sua barriga e o do motor criavam uma linda sinfonia - para os surdos. Vanessa dirigiu por mais alguns metros quando avistou uma placa que dizia "Drive-thru da oração". A fome era tanta que só conseguiu ler a parte mais importante - para seu estômago. O problema de estar faminto é que se come as palavras - literalmente. Não conseguiu reconhecer o estabelecimento, mas decidida a não desmaiar no meio de tanta gente importante, entrou sem hesitar.

- Nossa! Nenhum infeliz, isto é, carro na minha frente? Maravilha! Cadê aquele lindo letreiro luminoso com todas as tentações possíveis? Certo, eu comeria qualquer coisa se bobear, mas quero opções né! Esse volante me lembra tanto uma rosquinha... Onde coloquei aquele sachê de açúcar? Era só te polvilhar benzinho... Ai que alegria! Olha ali o guichê! Você está salva direção. Mas fica esperta porque se bobear de novo, qualquer dia desses eu, você e o refinado branco temos um encontro.

Parou, puxou o freio de mão e abriu a janela. Do lado de fora, num cubículo sem vidro estava um rapazinho franzino de macacão cinza e um boné que dizia "Ele ilumina seu caminho". Vanessa achou meio estranho, mas pelo dizer, a refeição valeria a pena.

- Pois não?

- Oi, é... eu gostaria do maior sanduíche de carne bovina que tiverem, uma batata grande e um refrigerante diet.

- Hahahahahahahahaha! "Cê" tá caçoando de mim né dona? (Eu nunca faria isso - com um estranho, pensou ela)

- Aqui a gente não vende lanche não senhora. Só se quiser Ave Maria na chapa pra viagem! Hahaha! Isso aqui é um drive-trhu de oração. Funciona assim: você estaciona, me conta seus problemas e eu digo: eu te perdoo e te abençoo. Que Ele ilumine seu caminho. Será que era isso mesmo que se falava? Acho que era. É que a gente recebe treinamento antes de iniciar, mas eu entrei atrasado e acabei perdendo umas aulas. Hehehe. Bem, daí você paga o valor que deu no abençoímetro (R$ 189,43); ele depende de quanto a pessoa abre a matraca sabe, quer dizer, compartilha seus temores com o Senhor e é só seguir viagem.

Mais verde que o Hulk, Vanessa respirou por um instante e disse:

- Então meu amigo, que Deus abençoe minha úlcera.


Polandesamente falando: entrar no comércio do perdão é uma opção para aqueles que não vêem que a religião é um templo de compra e venda. Na verdade, mais de compra, pois vender a fé e seus benefícios e receber garantia através da moeda, isso sim seria um verdadeiro milagre.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

"Vadialismo"



Passos rápidos de um belo sapato marfim. O brilho destes pés era reconhecido pela multidão. Disfarçar-se? Muito difícil, pois a cada esquina este jovem respondia a um bom dia. Os olhares ganhava, exceto um, o de uma bela donzela que não conhecia. Como o seu calçado, os saltos atraíam atenção, mas de uma forma diferente, ninguém naquela cidade sabia de quem eram os cabelos negros que ondulavam nas costas largas de fina cintura.


Decidido a descobrir, mudou seu caminho e foi em direção à moça. No curto trajeto escolhia as palavras, queria um cortejo tão doce quanto os olhos negros da encantadora dama e tão impactante quanto seu farto decote. Falar que era primo distante? Talvez. Boa desculpa, poderia funcionar.

- Bom dia senhorita. És a bela Rosalinda minha prima de outras terras que virara Sol aquecendo e iluminando esta manhã?
- E aí cara! Acho que não meu. Minha véia não tinha brothers.

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O que eu tô fazendo aqui? Nossa, eu mato o Flavinho. Se eu não morrer antes de surdez crônica, juro que acabo ele e com aquela raça de amigos. Eu disse que não queria ir, mas adiantou? Não! "Vamos cara! Vai ser irado! Você pega várias e fácil fácil!" Pelo menos meus pensamentos conseguem andar, porque aqui tô pior que múmia. Será que Tutankamon ia gostar de balada? Hum... acho que não, ele ficava sem se mexer, mas acho que ia preferir o silêncio da tumba. Isso, vou até lá perguntar pra ele, uma ideia bem melhor do que estar aqu...

Fernando parou de pensar, na verdade, esqueceu que sabia pensar. Viu algo mais belo do que podia um dia imaginar que seria a beleza. Uma linda ruiva de longos cabelos lisos e curto vestido. Corpo violão era pouco, aquela ali era a própria orquestra com direito a maestro renomado. Dançava com as amigas num ritmo que ele desconhecia. O que não importava em nada, pois nem queria estar ali mesmo... ou queria?

Falo ou não falo com ela? Deus do céu! O que vou dizer? Sou mais tímido que o Sheldon e mais atrapalhado que mula manca. Ah, não deve ser tão difícil assim. "Vamo" lá, você consegue. Um passinho aqui, mais um pra direita e estamos quase lá. Não desmaia e não vomita nela como fez da última vez. Pára de pensar nisso. Ok. Parei. Tá tudo organizado aqui na cabeça. Me apresento, elogio a moça e converso com ela como se fosse uma pessoa normal e equilibrada. Ela está bem na minha frente... Qual era o plano mesmo?

- Linda moça de cabelos vermelhos; se tivesse um único dom, escolheria parar o tempo e nunca mais piscar, para não perder um instante sequer de tal doce e esplêndida alegria que provoca a meus olhos.

Fernando estava extasiado. Nem acreditava que conseguira. Aguardava (por poucos, mas intermináveis segundos) uma resposta.

- Cai fora mané! Magrelo ninguém "qué"!

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O mundo é promíscuo meu amigo. Não existe mais conquista. O calor é entregue pela vestimenta, linguagem sem conteúdo e ação impensada. Você não precisa nem pagar. Sedução mental? Só se for a de pensar e escolher qual pedaço de pano usar. As outras mulheres conquistaram seu espaço e respeito e estas contaminam uma reputação. Não é só o sexo frágil que se encaixa nesta exploração de raciocínio e reflexão. Voltamos à Idade da Pedra, ao invés de tacos de madeira, usam os músculos para atrair e capturar as fêmeas e esquecem completamente de exercitar o quase perdido e chamado cérebro.

Polandesamente falando: difícil ver o romance, o encanto e a pureza do amor, quando a promiscuidade embaça as vistas daqueles que ainda acreditam na cumplicidade e no sentimento verdadeiro.

sábado, 26 de junho de 2010

Robôs de fralda


Engatinham em fila pelo circuito. Poderiam andar, mas o medo de cair pressiona ainda mais os membros ao asfalto. Nesta corrida não existe ultrapassagem, não é cordialidade, e sim imposição. A regra não é questionada, pois o movimento contínuo da chupeta os impede de fazer da precoce linguagem interrogação.

O tempo de percurso é igual para todos. Emboram sejam massa (crua), com as curvas sinuosas poderiam pegar atalhos e ganhar tempo, mas nem se preocupam em raciocinar; a linha de chegada está bem ali a frente.

Cada metro apresenta uma atração diferente, porém
um desvio de cena é um risco e poderia fazê-los perder a esperada bandeirada.


Polandesamente falando: a futilidade intelectual é transformada em filosofia de vida. Se é que podemos chamá-la de vida. Esse apreço pelas atitudes vazias, na verdade, cheias de inconsistência; é repugnante de se ver.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

"Copatriotismo"



"Independência ou morte" disse D. Pedro I. O tempo então parou; surgiu uma nação. Início do patriotismo? Os anos passaram e o verdadeiro amor ao país se extinguiu. A paixão por um esporte se tornou o motivo de ser brasileiro e não o orgulho pelas origens, montes, lagoas, praias e cidades.

Em 7 de setembro o Brasil parou para ouvir um só grito... e ontem, só parou. Milhões de pessoas unidas num único motivo e objetivo: torcer. As mesmas pessoas que reclamam diariamente do transporte público, dos impostos, da falta de segurança, do presidente e de ser brasileiro.

E se todos esses parassem de ver a bola e parassem para exigir justiça? Parassem para a sujeira na capital? E se simplesmente parassem? Parassem e repensassem? Dois tempos de 45 minutos seriam gloriosos.

Polandesamente falando: D. Pedro I nada mais é que um terminal de ônibus. Patriotismo de 4 em 4 anos? Vergonhoso.

sábado, 29 de maio de 2010

Veneza de metal


Passam as embarcações num lento compasso, empacadas por um invisível laço. No mar de metal encalham agonias, desejos e imaginação. Nas águas de brilho prateado se rema lentamente, pois você está preso às correntes (de pessoas).

Navegar é uma árdua tarefa quando não se enxerga o horizonte. Cortinas se fecham em nossa frente e a única saída é esperar pelo resgate do tempo.


Polandesamente falando: a Veneza de metal está afundando no caos de monóxido de carbono. Deixe-a respirar ou não mais existirá.

sábado, 15 de maio de 2010

Pense à respeito


"Respeito: sentimento que leva a tratar alguém ou algo com grande atenção; consideração, reverência." Acho que as pessoas ainda não entenderam. Repetirei. "Respeito: sentimento que leva a tratar alguém ou algo com grande atenção; consideração, reverência." Isto significa algo para você? Para a maioria, não tem significado algum, aliás, nem se dá por conceito. Tudo é descaso, irrelevância; desacato humano.

A palavra perdeu seu valor. Honra e caráter omitidos pela falsa promessa. As atitudes se tornam o costume da aceitação, e o padrão, o inverso do correto.

Polandesamente falando: Viva direito, com sabedoria e humildade. Viva direito; pense à respeito.

domingo, 2 de maio de 2010

Escassez (de) profissional

Todos reclamam da falta de emprego nesta cidade. Ok., por um lado estão certos, mas por outro, não acham que falta gente querendo trabalhar? Escassez profissional em demasia? Sim, e no sentido literal mesmo. Onde estão os profissionais de verdade? Aqueles dedicados, competentes e inteligentes?

Vejo preguiça e irresponsabilidade; incompetência e mau humor. E isso me irrita. As pessoas não querem pensar e têm medo de resolver problemas. Exercitar o cérebro parece uma ofensa à própria mãe. Por que não ficar no comodismo? É fácil ser burro, não?

Polandesamente falando: um "viva" aos verdadeiros profissionais. Que o mundo os salvem. Salve!

domingo, 25 de abril de 2010

"Despedida"


Hoje você se foi. Hoje você se foi levando anos de momentos inesquecíveis. Hoje sua substituta surgiu e se fixou; ela, a saudade que permanece aqui. Tão fácil de existir, sentir, difícil de absorver. Faz parte do viver, aceitar.

Hoje você se foi. Hoje você se foi deixando planos e sonhos; lembranças de felicidade, sorrisos.

Hoje você se foi. Hoje você se foi levando uma nova vida, mas deixando parte de uma amizade verdadeira.

Hoje você se foi. Hoje você se foi rápida e intensa como chuva de verão, que pelas águas correntes levou pedaços de um coração.

Polandesamente falando: vá, mas deixe saudade. Vá, mas volte. Volte antes da eternidade.

sábado, 27 de março de 2010

O mundo é Violeta


A semente que germinou e cresceu. A semente que se desenvolveu, floresceu. No jardim do sonho era pequena fantasia; agora, linda contemplação. Gota sagrada do oceano, sinfonia perfeita do piano.

Violeta, flor mais bela. Sua chegada é doce como a vinda da primavera. Nosso novo encanto, te admirar é a paz encontar. Milagre tão precioso, sagrado, maravilhoso. Sem o mínimo esforço fez nascer um novo amor. Corações palpitantes por você querida flor.

Polandesamente falando: de ti cuidaremos preciosidade. Uma pequena bela alma a mais nessa cidade.

domingo, 21 de março de 2010

Dom "Quichute"


E a vida começa. Ai que beleza! Leite da mamãe prontinho. Epa, é só beber? Assim fácil? Num instante um banhinho ali pertinho... Maravilha! Os anos passam, se vão numa constância como respiração. A escola se aproxima; os dias ficam mais complexos. Só recebemos "mamadeira" se provarmos coisas como bom desempenho. Antes, o acesso era simples, bastava provocar uma lágrima. Agora, nossas próprias pernas nos movem no caminho da vida.

Mais avanços no relógio e, de repente temos que achar um dom pra viver. Não basta apenas cumprirmos nossa missão de seres humanos, precisamos encontrar o nosso melhor, no que somos ótimos. Mas, como descobrir uma habilidade?

Os modestos acreditam que são bons em tudo. Os gananciosos dizem que são bons naquilo que traz dinheiro. Afinal, para eles é só o materialismo que importa. E, finalmente, os perdidos usam o Dom "Quichute". Uma hora em um êxtase trabalhista se fixam, outra no desespero, na agonia por se perder novamente. Nesta complexidade se deixam levar pela sobrevivência. Fazem o que aparece para poderem continuar aparecendo para o mundo, mas no fundo no fundo buscam o seu Dom "Quichute".

Polandesamente falando: talvez seu Dom esteja reinando por aí, afinal todos temos um. Que chutem e tenham sorte, ou, tentem e tentem descobri-lo. Alguns o encontram precocemente, outros buscam a vida inteira pela habilidade especial que nunca vem.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Dormente

- Mamãe, o que é a dor?
- É algo que machuca a gente querido.
- E por que ela é má mamãe?
- Ela não é má meu bem, apenas nasceu assim.
- Ah, e por que ela não fica boazinha?
- Não sei meu filho, não sei...

Conseguimos senti-la, mas nã
o vê-la. Sabemos que está ali presente, nos preenchendo, mas ao mesmo tempo tão ausente por não podermos pegá-la e arrancá-la. Pode acontecer até no sentido figurado. A dor mente, se finge hospedeira, mas às vezes é moradora permanente. A dor nos engana, nos acompanha, e logo sorrateira, se afasta.

Polandesamente falando: a dor pode ser fraca e insuportável. Pode ser intensa, mas tolerável. Pode ser pequena, mas notável. Pode ser grande, mas esquecível.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Certo ou errado?


Vivemos no mundo da incerteza. Exemplo mais claro é o fato de desconhecer sua origem neste planeta e por qual motivo está aqui. Se a sua existência é a maior dúvida, como estar certo de algo? Como distinguir o correto do errado?

O que nos foi ensinado pelos mais sábios é realmente a coisa certa a seguir? Ou a incerteza nos faz crer que o que é certo para mim é no que acredito? As pessoas fazem de seus atos diários um modo de vida egoísta. A preocupação e respeito pelos outros é abafada pelo próprio querer. Isso é certo?

Polandesamente falando: o correto é um ponto de vista; você não está errado em acreditar nisso. O incorreto é uma questão de valores; você não terá tanta certeza disso se não os tiver.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Medo


Alguns a altura amedronta, outros a certeza de que não estarão mais aqui um dia.

Cada um enxerga o medo de uma forma. Temores substanciais e temores subjetivos se confrontam em nossa mente; mas o medo de nós mesmos é o que fica em nosso subconsciente.

Medo que corrói os atos,
Medo que prende os próprios sapatos (ao chão).
Medo que paralisa o que é certo,
Medo que distorce o concreto.

Temer é ausentar-se da consciência, deixando-se levar pela obscuridade racional.

Polandesamente falando: o medo só se faz presente para quem não se conhece realmente.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Sorte sua


A sorte não se ganha nem se explica,
A sorte não se encontra nem se pede.
A sorte não se conquista nem se cria,
A sorte apenas acontece.


Polandesamente falando: sortudo é aquele que com a sorte convive. Sortudo é aquele que sabe a sorte que tem.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Como um sonho


Existe algo similar a um sonho? É possível criar uma irrealidade tão convincente no "mundo desperto"? Ou será que no mundo da consciência o que reina é a fantasia e as atitudes censuráveis e a liberdade condicional são o verdadeiro real?

Polandesamente falando:
sonhar é viver e viver é sonhar.
Que a vida seja um sonho repleto de fantasias.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Presente


Agora, neste instante, já, neste minuto, e muitos outros são representações do presente. Será? Como podem ser se enquanto estou falando ou escrendo o presente vai sumindo e se transformando?

O presente existe? Ou será apenas ilusão aos olhos e a mente?

Conseguimos vê-lo, cronometrá-lo, medi-lo? Alguém consegue? Acho difícil...

Polandesamente falando:
o verdadeiro presente é presentear-se em viver. Esqueça as nomenclaturas.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

A vida é um arco-íris.


Muitas pessoas dizem que a vida tem que ser "preto no branco". Que tudo deve ser bem explicado para que saibamos como seguir nosso caminho.

Pra mim a vida é como um arco-íris. É a aventura de desvendar o mistério de sua existência. É não estar preparado para aparição das belas cores, mas estar ciente de que estão lá e a qualquer momento surgirão para serem apreciadas.

Polandesamente falando: acredite na beleza do inesperado, no poder do encanto e na intensidade de viver uma vida colorida.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Destino...


Destino... Real ou criação de quem crê? Inevitável ou não-explicável? Destino para todos ou todos para um destino? Acontecimentos extraordinários na vida de alguém, destino bom? Ou, atrocidades na vida de outros, destino ruim?

Existe realmente? Você nasce, cresce, se reproduz e morre? Quem disse que tem que ser assim? Às vezes o tal chamado destino manipula a regra básica da vida. Às vezes você é jovem e por algum mal acaso da vida é atropelado, seguindo um outro caminho. Destino? Talvez...


Alguém manipula esses acontecimentos? O Sr. do destino sabe o que é melhor pra cada um e assim o faz? Ou a natureza é tão incrível que age por si só?

Polandesamente falando: cada um está aqui por um motivo. Uns pela regra básica, outros pelo... destino.