terça-feira, 1 de outubro de 2013

Olhos descortinados



 
Dizem que os escritores são intelectuais visionários, refletidores do cotidiano, insistentes pela captação do quase imperceptível, contado de forma distinta, representativa e destacada. Captam a essência racional, transformam em história ou provocação. Assim como os literários, os fotógrafos, por exemplo, partem do mesmo princípio. Com única ação conseguem absorver semelhante história, não transcrita, mas reproduzida visualmente. Os que fazem da lente profissão, veem mais do que composição de objetos, assim como os do papel. Cada palavra é arranjada e posicionada em harmonia gerando um sentido, o mesmo visto pelo criador.  
Percepções diferenciadas de lados artísticos sobressaem-se, indubitavelmente, àqueles de outros dons. Estes estão acostumados em ser marionetes visuais. Não por falta de conhecimento, mas imposição da rotina. O momento que flutuarem e deslocarem o raciocínio para o imperceptível, conseguirão notar um incipiente sentido, transformador da consciência mundana.


Polandesamente falando: esta talvez possa ser apenas uma foto de um homem comendo sua marmita em uma praça de alimentação de um Shopping Center, talvez não.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Ah, o amor... (parte 12 de...)






O descontrole guia exatidão incerta. Na impossibilidade de escolha um coração se reserva, almejando infinda prisão. Possibilidades são rachaduras que nele se criam, se fazem e desvanecem. São caminhos e marcas. Lembranças de dor e trajetos à esperança. Esboços do real penoso, a queimadura do sincero amor. São a cor de um coração derretido pela sangria da fé.


Polandesamente falando: o amor esmaga a dor, mas também aquele que a sente.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Inovação do velho



Se você vai a um evento sobre as novas tendências nacionais do varejo, aspirada também na modernidade de outras culturas, com intenção de impacto sobre o consumidor/espectador, onde reina a tecnologia; como pode ter um palestrante italiano de renomado escritório de arquitetura sendo traduzido e transmitido por um aparelho totalmente contraditório ao tema?


Polandesamente falando: o mundo se prova uma vez mais ser dos contrários não notados, presentes e insistentes por percepção e atitude.

terça-feira, 9 de julho de 2013

O triste fim de um tubérculo



 
Não sei de onde surgiram aqueles dedos gelados. Já era noite, bem tarde quando senti remexer meu saquinho plástico. Flutuei até uma mulher. Não pude identificá-la, já estava com sono, mas me segurou forte, de tal maneira que perdi o ar e desmaiei. Cinco, seis minutos se passaram, nem isso; me recompus do aperto. Abri os olhos no ensejo de ser apenas mais um pesadelo horrível, mas estava notoriamente agarrada às entranhas de uma necessidade, a fome.
A mulher, ao mesmo tempo que me segurava, ria freneticamente de um tal Joseph Climber – aliás, não faço ideia de quem seja. Por um momento o agradeci por distrair minha predadora e desviar seus dentes de meu entorno, porém suas piadas gastas não fizeram mais efeito depois de meia hora; senti uma vez mais o aperto no saquinho, a levitação, dessa vez fora do meu habitat, até um lugar mais escuro e úmido.

Polandesamente falando: estômagos necessitados são demasiado perigosos, principalmente se você for uma batata apetitosa.

domingo, 16 de junho de 2013

Ah, o amor... (parte 11 de...)




Um olhar diferente, antes inexistente, despercebido. Um carinho especial. A necessidade de aproximação. A vontade de sentir um cheiro, um gosto, um toque. O querer do inacabável. Um profundo calafrio na alma. Um convite para o riso, para a gostosura da emoção, dos sentidos. A pureza. A repetição alegre de um dia memorável, em outros.
Uma declaração intensa. A majestade do possuir alguém admirável, por quem se move interminável um coração.

Polandesamente falando: tudo começa e termina no amor.

sábado, 8 de junho de 2013

Novas velhas mães




 
Mais mulheres estão deixando seus filhos aos cuidados de outras. Continuar trabalhando e contribuir, em parte, para o sustento da casa por necessidade ou mesmo realização pessoal é um presente cada vez mais comum. Se você trabalha ou tem um número considerável de conhecidos, se recorda de pelo menos um caso nessas condições.

Novas mães deixam filhos por inúmeras razões. Ficam em creches, vizinhos e, na maioria das vezes, no lar dos avós. 


Se esses fatos tornarem-se cíclicos, os próximos 20 ou 30 anos farão do significado “mãe” um outro momento na vida do sexo feminino. As procriadoras só o serão na terceira idade. Nesse futuro momento concederão suas vidas, se doarão em prol da cria. O amor terá seu tempo maternal necessário para propagação intensa. 

Essa nova causa traz um efeito grande: a educação familiar efetiva prejudicada. Por um lado as avós experientes têm um conhecimento maior da vida e poderão de forma mais assertiva transmitir um viver incrementado em detalhes; por outro, estão em uma idade em que passaram por muitas emoções, frustrações e que se sentem com o “trabalho” concluído, ou seja, já tiveram e criaram seus pequenos, e hoje o momento em que vivem deveria ser proveito do que a vida lhes oferece de melhor. Com isso talvez a mesma educação que tentaram dar aos filhos quando mães, não será a mesma que proporcionarão aos netos. 

Não se trata de uma regra para encontrarmos o perfeito educador, mas de um comportamento novo que trará conseqüências ao modo de vida desses jovens. Será que essa falta de atenção e direcionamento por quem os teve não afetará suas emoções ao longo do aprendizado, criando, talvez, uma distância entre a família? Será que esses pais “ausentes” terão o mesmo respeito, admiração e confiança de seus filhos, do que, porventura seus avós que de fato os criaram?



Polandesamente falando: não importa de onde vem as regras da vida, o ser humano precisa sim de verdadeiros pais.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Desconhecido distante



No curto e definido destino surge o desconhecido. O onde e o quando alimentam a viagem no incontrolável tempo. Os quilômetros mudam, as características de cada local e pessoa diferem-se, mas o conceito do viver é o mesmo. Percorrer.

Sinuoso, rápido ou moroso. Trajetórias que anseiam pegadas de distintos tamanhos e formatos, compassos únicos, mas tendo sempre a mesma necessidade, o finito porvindouro.


Polandesamente falando: a essência da vida está em cada distância já descoberta.