domingo, 27 de fevereiro de 2011

Ah, o amor... (parte 6 de...)



Uma árvore secou, embora chovesse e estivesse enraizada. O Sol não lhe trazia alimento, ainda que acariciasse-lhe os contornos. De seu tronco enxuto, desprendeu-se relutante lágrima bruta a caminho do mar de sentimentos reclusos em sua dimensão.

Estava perdida, conquanto desde sempre tivesse vivido exatamente ali. Seus galhos mostravam direções, mas a incerteza de um caminho desconhecido prendia-lhe ao solo. Desejava sobremaneira voltar a ser a árvore invejável e imponente ao mundo. Ansiava novamente por seu mundo.

Segaram-lhe a vida, e a sobrevivência estava em sua complexidade de planta, mas fugia do calor do existir sem perceber, e quando este a encontrava, não iluminava sua trilha, era apenas clarão ofuscando seu destino. Essa mesma árvore, que antes fazia vivenciar, agora só vivencia resquício de uma vida sem sentido. As raízes que outrora guiavam-na constantemente para o sempre, servem agora apenas para não deixá-la extinguir-se no abismo da perdição.

Mesmo desfalecida, era muito especial para a floresta. Proporcionava alimento e a vida aos seres das cercanias. Notando tal situação, seus amigos animais incumbiram-se de ajudá-la a absorver mais uma vez o ânimo vital. Colheram as flores mais bonitas, envolvendo-a de cor; contaram com os sons mais agradáveis dos passarinhos para tornar suas manhãs melodiosas e fizeram um banquete com as frutas mais sacarinas.

Comovida pelo afável ato, prometeu que tentaria melhorar, e para mostrar-se grata, soltou uma última lágrima, mas dessa vez, elaborada.


Polandesamente falando: à vocês dois, que mesmo em metade quase perdida, deixaram as sinuosas raízes embrenhar-se em precioso alimento, nutrindo-se novamente de vida. À vocês, que com coragem, continuam sustentando o equilíbrio das emoções contidas na energia emanada por um só o coração: o amor.

Um comentário:

  1. De vez em quando me sinto essa árvore, que ao longo do tempo, proveu de sombra e frutos aqueles a quem ama. Que deu frutos, perdeu folhas no outono, sofreu com o inverno e com o verão, refrescou-se e se alimentou com as chuvas.
    Mas com certeza revive a cada dia, adubada por esses "animais amiguinhos" com o fertilizante mais poderoso que existe no mundo: O amor.
    Eu te amo

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