sábado, 15 de outubro de 2011

Teto de papel


- Um espetacular apartamento de 54 m2 sairá, em média, R$ 730 mil. Isso depende do andar, naturalmente. A altura acompanha o investimento - dizia o corretor de vendas com desdém. - Também temos os luxuosos Lady Laura com 113 m2, saindo a R$ 1,5 milhão cada.

A plateia, misto de ternos impecáveis, idade avançada e plásticas, aplaudia e ouvia interessada as informações sobre sua futura provável moradia. Lá no meio, mais simples, mas não mal-trajada, havia uma mulher um pouco mais jovem e sorridente.

- Oi? - dizia levantando o braço para chamar a atenção do palestrante. - Oi! - gritou. O homem, incomodado com a interrupção, levantou uma das sobrancelhas e respondeu:

- Pois não?

- Tenho uns cuponszinhos aqui. Sabe aqueles do site de promoção? Consegui trezentos e quarenta. Cada parente comprou um. Até uns amigos meus ajudaram...

O corretor, incrédulo, escutava tamanha ousadia.

- Putz! Vou pagar uma pechincha por essa bagaça e ainda encontrar o Rei! Há, que máximo, meu!


Polandesamente falando: o cupom ponto com nos permite atingir níveis gastronômicos, turísticos, almejados e desconhecidos, por exemplo. É preciso aplicá-lo ao imobiliário para que seja percebida a necessidade de desvalorizá-los, tornando-se acessíveis? Os influentes nos Horizontes poderiam ser exemplos, não apenas Reis, não?

Nenhum comentário:

Postar um comentário