Não sei de onde
surgiram aqueles dedos gelados. Já era noite, bem tarde quando senti remexer
meu saquinho plástico. Flutuei até uma mulher. Não pude identificá-la, já
estava com sono, mas me segurou forte, de tal maneira que perdi o ar e
desmaiei. Cinco, seis minutos se passaram, nem isso; me recompus do aperto.
Abri os olhos no ensejo de ser apenas mais um pesadelo horrível, mas estava notoriamente
agarrada às entranhas de uma necessidade, a fome.
A mulher, ao
mesmo tempo que me segurava, ria freneticamente de um tal Joseph Climber –
aliás, não faço ideia de quem seja. Por um momento o agradeci por distrair minha
predadora e desviar seus dentes de meu entorno, porém suas piadas gastas não
fizeram mais efeito depois de meia hora; senti uma vez mais o aperto no
saquinho, a levitação, dessa vez fora do meu habitat, até um lugar mais escuro e úmido.
Polandesamente
falando: estômagos necessitados são demasiado perigosos, principalmente se você
for uma batata apetitosa.
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