domingo, 8 de fevereiro de 2015

Necessidade rotativa






Aluga-se uma vida. Um comportamento perfeito, sem falhas. Aluga-se sorrisos e alegrias; uma fluente lívida de energia para o corpo. Aluga-se verdades, confiança e companheirismo. Aluga-se decreto de honestidade, cumplicidade e carinho. Aluga-se tudo.

O preço recheia com peso os bolsos dos andarilhos desnorteados, confiantes na esperança do resultado prometido. Necessitados pelo desejo da vida perfeita, dependem de outros, seres ou coisas que se tornam seres. Obter sentimentos e prazeres é o que mais querem, mesmo cientes que a dor consequente chegará em breve, pois a ocupação deste estado físico e mental é temporária.


Um controlador administra a temporalidade do necessitado e pouco importa se mais meses fariam-se necessários para a cura de uma doença inexistente. Se um passante vistoso mostra seu bolso atraente, a fissura pela hemofilia azul se prende à retina do comandante, que solta das algemas da salvação o pobre andarilho, sem dó, sem dor, sem se importar.



Polandesamente falando: estar bem é difícil para quem não crê, não tenta e não encontra motivos para isso.


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