segunda-feira, 12 de julho de 2010

"Vadialismo"



Passos rápidos de um belo sapato marfim. O brilho destes pés era reconhecido pela multidão. Disfarçar-se? Muito difícil, pois a cada esquina este jovem respondia a um bom dia. Os olhares ganhava, exceto um, o de uma bela donzela que não conhecia. Como o seu calçado, os saltos atraíam atenção, mas de uma forma diferente, ninguém naquela cidade sabia de quem eram os cabelos negros que ondulavam nas costas largas de fina cintura.


Decidido a descobrir, mudou seu caminho e foi em direção à moça. No curto trajeto escolhia as palavras, queria um cortejo tão doce quanto os olhos negros da encantadora dama e tão impactante quanto seu farto decote. Falar que era primo distante? Talvez. Boa desculpa, poderia funcionar.

- Bom dia senhorita. És a bela Rosalinda minha prima de outras terras que virara Sol aquecendo e iluminando esta manhã?
- E aí cara! Acho que não meu. Minha véia não tinha brothers.

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O que eu tô fazendo aqui? Nossa, eu mato o Flavinho. Se eu não morrer antes de surdez crônica, juro que acabo ele e com aquela raça de amigos. Eu disse que não queria ir, mas adiantou? Não! "Vamos cara! Vai ser irado! Você pega várias e fácil fácil!" Pelo menos meus pensamentos conseguem andar, porque aqui tô pior que múmia. Será que Tutankamon ia gostar de balada? Hum... acho que não, ele ficava sem se mexer, mas acho que ia preferir o silêncio da tumba. Isso, vou até lá perguntar pra ele, uma ideia bem melhor do que estar aqu...

Fernando parou de pensar, na verdade, esqueceu que sabia pensar. Viu algo mais belo do que podia um dia imaginar que seria a beleza. Uma linda ruiva de longos cabelos lisos e curto vestido. Corpo violão era pouco, aquela ali era a própria orquestra com direito a maestro renomado. Dançava com as amigas num ritmo que ele desconhecia. O que não importava em nada, pois nem queria estar ali mesmo... ou queria?

Falo ou não falo com ela? Deus do céu! O que vou dizer? Sou mais tímido que o Sheldon e mais atrapalhado que mula manca. Ah, não deve ser tão difícil assim. "Vamo" lá, você consegue. Um passinho aqui, mais um pra direita e estamos quase lá. Não desmaia e não vomita nela como fez da última vez. Pára de pensar nisso. Ok. Parei. Tá tudo organizado aqui na cabeça. Me apresento, elogio a moça e converso com ela como se fosse uma pessoa normal e equilibrada. Ela está bem na minha frente... Qual era o plano mesmo?

- Linda moça de cabelos vermelhos; se tivesse um único dom, escolheria parar o tempo e nunca mais piscar, para não perder um instante sequer de tal doce e esplêndida alegria que provoca a meus olhos.

Fernando estava extasiado. Nem acreditava que conseguira. Aguardava (por poucos, mas intermináveis segundos) uma resposta.

- Cai fora mané! Magrelo ninguém "qué"!

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O mundo é promíscuo meu amigo. Não existe mais conquista. O calor é entregue pela vestimenta, linguagem sem conteúdo e ação impensada. Você não precisa nem pagar. Sedução mental? Só se for a de pensar e escolher qual pedaço de pano usar. As outras mulheres conquistaram seu espaço e respeito e estas contaminam uma reputação. Não é só o sexo frágil que se encaixa nesta exploração de raciocínio e reflexão. Voltamos à Idade da Pedra, ao invés de tacos de madeira, usam os músculos para atrair e capturar as fêmeas e esquecem completamente de exercitar o quase perdido e chamado cérebro.

Polandesamente falando: difícil ver o romance, o encanto e a pureza do amor, quando a promiscuidade embaça as vistas daqueles que ainda acreditam na cumplicidade e no sentimento verdadeiro.

2 comentários:

  1. Sandrowisk,
    Uma bela surpresa no meu dia! Sempre procuro Blogs interessantes pra ler e agora tem o seu! Adorei conhecer seus textos e achei super legal sua intenção de virar escritora! Não sabia disso na época da faculdade... e agora, leio seu blog quase todos os dias!!! rsrsr
    Bjos e boa sorte!

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  2. Hey pangaré! (Salve Abelardo Barbosa, rs) Muito obrigada!
    Nem eu sabia disso na época da faculdade, rs. Claro, sempre gostei de escrever, mas de uma hora pra outra vi isso como meu viver.
    Beijos.

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