
Dirigindo pela noite você "zapeia" as estações em busca de boas sonoridades. As 10 melhores pra lá... as tantas ruins pra cá. Quase desanimando e prestes a colocar um CD, escuta a chamada: "A Hoooooooooora do Presidiáriooooooooooooo!". Quem? Como? Pensa. Com medo de que algum assassino maluco possa materializar-se a seu lado, cogita mudar logo de frequência, mas perplexo com o que acabara de ouvir, decide estacionar na rádio. O programa, muito diferente de tudo que já escutou, apresenta a troca de palavras entre presidiários e seus familiares. Como? Pergunta novamente. Através de cartas enviadas à estação, que são lidas ao vivo e comentadas pelo pastor/locutor. No caso em particular, a tia desesperada dizia:- Ah meu piqueno! A genti ti ama tantu! Eu, a Vanici, o Creiton e a Pulguenta sentimu tantu sua falta. Todo munu (tudo bem que rádio é mídia de massa, mas "todo mundo"? Essa foi exagero...) tem que sabê que ocê é boa pessoa e que ocê tá aí é inganu. A genti torce prucê saí logo daí e vir abraça o Valtinho e o Wandersu.Definitivamente se ele está preso é porque não é tão bonzinho assim né minha senhora. Foram quase 10 minutos de lágrimas e palavras de saudade. Quando o locutor intervinha, surgiam mais e mais frases da ouvinte. Será que o tal malfeitor ficará sabendo dos incentivos de sua tia? O locutor respondeu minha pergunta sem querer:- Oh minha filha, não se preocupe! - dizia para a participante. - Suas palavras divinas serão levadas a seu sobrinho através da rádio!- Aleluia! Respondeu ela.Polandesamente falando: os presidiários vivem em um lugar fortificado e guarnecido militarmente. Teoricamente deveriam isolar-se do mundo e cumprir sua pena em amargura. Verdadeiramente têm regalias como rádio, dinheiro, drogas, aparelhos eletrônicos, etc. Muitos humanos direitos não tem nem o que comer... fatidicamente.
Hora do rush. Você imagina o caos do trânsito, as buzinas e o transtorno que te aguarda. Sai do escritório e para em frente ao elevador (Ai que gracinha, ele tem portas! Pensa). Quando as "portas da esperança" se abrem você treme. 15.000 pessoas estão dentro de um pouco mais de 1 metro quadrado. Nada, nada é pior do que ter que enfrentar aquele elevador cheio. Cheio de desconhecidos. Fica o clima pesado, onde o silêncio é mais profundo que enterro de surdo-mudo. Você está no 19º andar e tem uma maratona pela frente. O térreo nunca chega e a agonia aumenta. São motoboys, senhores engravatados, mulheres tentando se pentear no espelho, etc. De vez em quando uma troca de olhares acontece, mas tímido, você encara o próprio pé. E a agonia continua... Olha para a marcação dos andares, que aos poucos na contagem regressiva chegará finalmente no lugar mais quisto no mundo: o térreo. Há quem vá ao S1 ou S2. Coitados. Além do silêncio angustiante têm que aturar todas as pessoas saindo e se empurrando antes de chegar no estacionamento. O que fizeram para merecer tal sofrimento? Cara lá de cima? Tenha dó destes seres.Agora me pergunto. Por que o silêncio? É praticamente instintivo? Se reparar nos comerciais, filmes, etc., de outros países perceberá que também funciona da mesma maneira. Será que é o destino de todos os seres humanos sofrer ao menos uma vez na vida com o elevador? Maldito seja Elis Graves Otis! Poderíamos subir os andares de teleférico, não? Não precisaríamos aturar o silêncio conjunto, afinal iríamos cada um em sua cadeirinha. Não morreríamos de tédio, seriam 45s em uma aventura alucinante. Ou, poderíamos ir de cama elástica. Além da rapidez, praticaríamos exercícios... a verdaderira ginástica laboral.Calma. Não fique assustado ou traumatizado. Não se preocupe, aqui no polandesamentefalandonadadeinteressantepravocê, te ensino a lidar com esta situação super chata e com a maior classe. Veja que bacana estas 25 dicas para "quebrar o gelo" quando se está num elevador:1- Fazer bundalêlê para câmera (quando se está devidademente depilada)2- Soltar um pum3- Coçar a bunda4- Colar chiclete debaixo da carteira5- Colar o sensacional papelzinho "Me chute!" no colega de transporte6- Fumar7- Colocar fogo na própria cabeça8- Comer brócolis, couve-flor e derivados9- Pular corda besuntada de cerol10- Cantar um pagodinho (não esqueça os óculos da cabeça!)11- Fazer abdominais12- Correr em círculos13- Nadar (com bóia da Hello Kitty)14- Preparar um sushi15- Contar uma piada de executivo16- Plantar bananeira17- Fazer o número 218- Treinar o número de mágica de fazer o elevador sumir19- Perguntar se alguém ali é "o Mesmo"20- Jogar boliche21- Contar que semana passada um cara morreu ali no mesmo elevador22- Ligar pro disque amizade, cutucar o colega ao lado e dizer: "Cara, é pra você!"23- Alimentar um leão24- Começar um revive de: "A ascensorista roubou pão na casa do João..."25- Jogar MonopolyPronto. Agora meu caro, você está apto a sobreviver com classe em sua viagem no "túnel do tempo de trabalho". You're welcome darling.Polandesamente falando: por favor, inventem logo o teletransporte.
Doze horas e trinta e dois minutos. Fome. Muita fome. Uma cadeira abandona o repouso, outra gira cento e oitenta graus. Os passos de seus ex-ocupantes se encontram. Um botão aceso e uma voz aguda: "Elevador descendo". Em terra firme, atravessam o extenso hall e estacionam seus reluzentes sapatos na bela calçada. - Reservou nossa mesa? - Oui mon chéri. Poucos metros percorridos pela rua mais chique da cidade. Um restaurante. Entre lagostas e conversas sobre moda, money e Paris, algo distanciou a elegante mulher da "Eiffel tower". Do outro lado da rua, parada em frente a um hair styles & haircuts, uma linda mulher de pernas compridas e torneadas, revestidas por um jeans da moda. A composição se completava com um salto alto, uma blusinha branca e diversos colares e pulseiras. Segurava um cigarro na mão e soltava lentamente a fumaça pela boca.Uma cena comum, a não ser pelo fato da mulher estar fora do salão, com papelotes e tintura nas madeixas. Glamour de Medusa.
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O que é o glamour ou o status social quando se tem uma necessidade? O que não se faz por um vício?
Polandesamente falando: os de "sangue azul" têm um estilo de vida peculiar, rebuscado e uma imagem a zelar. Ignoram o mundo "inferior" e ao mesmo tempo se mostram preocupados em fazer-se aparecer. Desfilam pelas ruas e lugares mostrando perfeição - o que os seres humanos nunca poderão ter. Mas esquecem, ou não percebem, que por mais que passem por ruas diferentes, no final, todos vão para o mesmo lugar.