terça-feira, 5 de abril de 2011

Especial de Férias. Há lagoas (com) palavras. Day 3: Mordendo a isca


Corria pela rua de paralelepípedos. O contato dos chinelos com o chão molhado a fazia escorregar. “Isso é hora de chover, ô São Pedro?”

O céu ameixa do lado sul lembrava o fim dos tempos. “Ainda bem que vou pro norte”. Continuou apressada; ainda faltavam 400 metros. “Que eu não caia agora de cara pro chão e não quebre o nariz. Se bem que se eu olhar pra ele de close posso pedir indenização. Quanto será que ganharia? O valor da minha altura, multiplicado pela velocidade da queda, hum... vezes 2? Não. No máximo mais pares da perigosa vestimenta.”

Para sua sorte - “Ou não. Tava começando a gostar de idéia de ter várias opções para desfilar no Coc’s Place (Shopping Interlagos)” –, chegou com o nariz perfeito e sem chuva. Aproximou-se de uma mesa de plástico e sentou-se. Ao redor, diversas árvores altas com pontos escuros e móveis. “Eita, diacho! Que raio é isso?”

Apertou os olhos tentando definir o que vira. Pequenos macacos habitavam seus galhos. Iam de um lado para outro, agitados.

- Macaquinho, bonitinho... Vem aqui, vem! – dizia o japonês, imitando voz de criança e estendendo a mão para o tronco da árvore.

“Que bobo! Só se for uma criança com possível problema mental.”

O animal, desconfiado, não se moveu. Olhou para o humano e depois para a banana. “Ah, rapaz. Palavra mágica!”

- Macaquinho quer banana? Ah, quer? O tio tem bananinha! Vem pegar! – continuou.

“Não. Macaco quer lasanha quatro queijos com bolinhos de arroz.”

Convencido pelo cheiro do alimento – “Alimento? Que nada! Foi pelo fenomenal discurso do senhor Miyagi!” -, aproximou-se e mordeu um dos pedaços num movimento rápido. Não demorou para todos acabarem.

O primata, ainda com o estômago insatisfeito, avançou novamente. Não encontrou a banana invisível e acabou mordendo o dedo do homem.

- Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh! – Urrou de dor, soltando palavrões na língua dos “olhos fechados”.

“Cadê o ‘macaquinho bonitinho’ agora?”

Antes que pudesse fugir, o agarrou pelo rabo e retribuiu o carinho. Mordera a coxa do coitado.

- Viu como dói, desgraçado?

A garota contendo o riso, lembrou-se de um aviso que leu em um banheiro: “Subir no vaso pode causar graves acidentes.”

“Subir em vasos já não sei, mas alimentar macacos...”

Polandesamente falando: day three, complete. “Macacos me mordam!” ou deixem para o japonês.

Um comentário:

  1. Acho que macaco quer banana e sushi ah, ah, ah...
    voce esqueceu de dizer onde foi isso.

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