Ah, São Paulo. Você não me engana. Me deixa
parada no caos quando promete andar mais que a luz. Me imerge no líquido do
desgosto, sem o ar imaculado da sobrevivência. Você não me convence. Me diz pra
ficar despreocupada com o metal na nuca, mas ele está à vista dos que menos
enxergam.
Ah, São Paulo. Você me cansa. Fadiga do
afinco de minhas pernas meio ao alinhamento com desconhecidas por um serviço
público medíocre. Você me enerva. Agastada fico com
tantos problemas estagnados aspirando solução.
Ah, São Paulo. Embora
perto o desgoste, só quando distancio meus dias dos seus percebo o quanto o
necessito. Nas terras longínquas do centro-oeste me perco no vazio do viver. Sem
água, alimento, sem convívio ou tempo. Sem nada. Quando as indispensabilidades
surgem, sua imponência reluz.
Ah, São Paulo. Se
fosse Paulo não seria São. Se fosse outro não seria você. Se é você, é o que
preciso.
Polandesamente
falando: São Paulo, quando não estou em você, o meu eu não o é.
Querida Sandra,
ResponderExcluirObrigado pelo texto. Para dizer o mínimo, transpira poesia. Ele me fez lembrar do livro "A encantadora alma das ruas", de João do Rio; praticamente um manual para aqueles que buscam compreender a vida nas(das) ruas. Fiquei com a impressão de que sua reflexão só é possível por você acreditar que a realidade, o real, é mais do que aquilo que se nos apresenta. Parabéns!!!
Beijo grande,
Anderson.