segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Ah, São Paulo




Ah, São Paulo. Você não me engana. Me deixa parada no caos quando promete andar mais que a luz. Me imerge no líquido do desgosto, sem o ar imaculado da sobrevivência. Você não me convence. Me diz pra ficar despreocupada com o metal na nuca, mas ele está à vista dos que menos enxergam.
Ah, São Paulo. Você me cansa. Fadiga do afinco de minhas pernas meio ao alinhamento com desconhecidas por um serviço público medíocre. Você me enerva. Agastada fico com tantos problemas estagnados aspirando solução.
Ah, São Paulo. Embora perto o desgoste, só quando distancio meus dias dos seus percebo o quanto o necessito. Nas terras longínquas do centro-oeste me perco no vazio do viver. Sem água, alimento, sem convívio ou tempo. Sem nada. Quando as indispensabilidades surgem, sua imponência reluz.
Ah, São Paulo. Se fosse Paulo não seria São. Se fosse outro não seria você. Se é você, é o que preciso.

Polandesamente falando: São Paulo, quando não estou em você, o meu eu não o é.

Um comentário:

  1. Querida Sandra,
    Obrigado pelo texto. Para dizer o mínimo, transpira poesia. Ele me fez lembrar do livro "A encantadora alma das ruas", de João do Rio; praticamente um manual para aqueles que buscam compreender a vida nas(das) ruas. Fiquei com a impressão de que sua reflexão só é possível por você acreditar que a realidade, o real, é mais do que aquilo que se nos apresenta. Parabéns!!!
    Beijo grande,
    Anderson.

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